quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Para Lula, derrota da oposição no Senado do Piauí é vingança divina

Em tom de desabafo e despedida presidente faz balanço de seus anos na Presidência

14 de outubro de 2010 | 15h 04


TERESINA - Em tom de despedida e desabafo, o presidente Lula afirmou nesta quinta-feira, 14, que Deus fez a vingança que ele queria com os senadores que votavam contra o governo. O presidente mandou recado também a seus críticos, que salientam o fato de não ter estudado e de que, portanto, não saberia governar.
"A arte de governar não se aprende em universidade, senão pegavam um na Academia Brasileira de Letras para ser presidente. A arte de governar é como a arte de ser mãe, cuidar da família, garantir direitos e oportunidades a todos", assinalou Lula durante o discurso na quadra poliesportiva do Instituto Federal Tecnológico do Piauí, em Teresina.
Falando sobre a oposição, Lula fez menção implícita a Heráclito Fortes (DEM) e Mão Santa (PSC), derrotados na eleição do Piauí para o Senado e que votaram contra a continuidade da CPMF. "Eles pensaram que iam me prejudicar, mas prejudicaram ao povo que precisa do SUS, de pronto-socorro, de remédio. Mas Deus escreve certo por linhas tortas. Ele fez a vingança que eu queria e colocou gente de respeito no Senado", disse Lula.
Seguindo o tom de despedida, o presidente fez uma autoavaliação do seus quase oito anos de governo. "Eu agradeço a Deus e valeu a pena passar esse tempo no governo. Não vamos aceitar que dividam o país em primeira classe , que podem tudo, e em segunda classe, onde não podem nada. Cansamos de ser tratados como segunda categoria", afirmou.
Lula está contando os dias para deixar a Presidência. "Em 77 dias estarei entregando a faixa presidencial. Mas saio com a sensação de dever cumprido, com a sensação que poderia ter feito mais, mas embora não tenha feito tudo, fizemos mais que os outros governos anteriores", disse.
O presidente lembrou ter ainda perdido muitas eleições e ressaltou o peso do fato na sua trajetória: "Isso serviu de ensinamento e teve muita frustração. Eles tinham medo e por isso contavam muita mentira a meu respeito. Diziam que era comunista, porque tinha a barba comprida. Mas Jesus também tinha barba comprida, Tiradentes também tinha. Quantas vezes tive que responder e pagar o preço, porque a bandeira do meu partido é vermelha, porque tem uma estrela na bandeira, responder sobre aborto, quem contra fica jogando casca de banana para ver se a gente pisa e cai", reclamou.
Segundo Lula, rico não precisa de governo, quem precisa de governo é pobre que precisa de saúde, educação, segurança, emprego. "Não vamos ficar atrás de números de estatísticas, porque por trás de cada número tem um ser humano. É preciso governar com consciência e com coração. Hoje pobre pode ser doutor, pode viajar de avião, vai para Europa. Mas o outro governo ficou oito anos e não cuidou do país, não atendeu aos pobres. Ao contrário, fez uma lei que levou o governo a não poder cuidar das escolas técnicas. Então valeu a pena eu passar pelo governo", enfatizou o presidente.
Sobre sua atuação após deixar o cargo, Lula deixou claro que não pretende se ausentar da vida pública. "Eu não saio apenas, não vou apenas passar o bastão. O povo é que é o dono do País. E não pode permitir que voltemos ao passado do desespero, do descaso. Cansamos de sermos tratados como vira-latas. E eu não vou descansar quando sair da Presidência. Não vou me trancar para velhice tomar conta de mim. A velhice vai ter que correr atrás de mim."
Ao longo do discurso, Lula quebrou o protocolo várias vezes e pegou o microfone para dizer: "Vocês sosseguem o facho, apaguem o fogo, porque aqui é um evento oficial da Presidência da República". A reclamação do presidente foi dirigida à militância qque acompanhava o discurso e gritava o nome de Dilma e de Wilson Martins.

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.